Hoje falaremos sobre Carolina Maria de Jesus, escritora que estampa uma parte da parede do ginásio da nossa escola. Recorda-se da pintura que temos lá homenageando esta grande mulher? Se você é novato na EMUC, com certeza terá oportunidade de apreciar a obra quando voltarmos às aulas presenciais.
Ela também faz parte do projeto #DonasdaRua, já citado aqui, devido à sua vida e obra. Veja:
“Natural da cidade de Sacramento, sudeste de Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914. De origem muito humilde, era neta de escravos e uma entre os oito filhos de uma lavadeira analfabeta. Desde criança manifestava o desejo intenso de aprender a ler e a curiosidade incessante sobre o mundo — tudo perguntava, tudo queria saber.
Incentivada por uma das freguesas de sua mãe, Carolina ingressa aos sete anos no Colégio Alan Kardec. Cursa a primeira e a segunda séries do primário, mas teve que deixar a escola, pois a mãe não conseguia mais manter a si e aos filhos na cidade e resolveu mudar-se para a roça. Moraram ainda em diversos outros lugares, como Ubatuba, Franca e Ribeirão Preto, sempre lidando com dificuldades. Passaram fome, frio, não tinham onde morar.
Carolina chegou a São Paulo em 1947. Sua rebeldia natural fazia com que não se adaptasse ao trabalho de empregada doméstica. No ano seguinte, engravidou de um português, que a abandonou. Na época, ninguém dava emprego para mãe solteira e Carolina foi morar na rua. Foi então que chegou à favela do Canindé: o governador paulista Adhermar de Barros mandara recolher todos os mendigos pelas ruas e despejá-los num grande terreno à margem esquerda do rio Tietê.
Construiu seu próprio barraco, onde nasceram seus três filhos, João José (1948), José Carlos (1950) e Vera Eunice (1953), cada um de um relacionamento diferente. Carolina dizia que homem algum ia entender sua necessidade literária, pois estava sempre às voltas com os livros, os lápis, os cadernos, onde registrava tudo o que lhe cercava.
Foi no Canindé que seu talento foi descoberto: um jornalista estava no local, em busca de material para uma reportagem sobre a favela, que crescia acentuadamente. Viu Carolina ralhando com um bando de marmanjos que não queriam desocupar o parquinho, ameaçando colocar o nome deles em seu livro. O jornalista quis saber que livro era esse e percebeu ali o talento da escritora. Publicou algum dos escritos no jornal e reuniu os outros em Quarto de despejo, lançado em 1960.
"Quarto de despejo", por Carolina Maria de Jesus (Editora Ática - 10a.edição/ano 2021)
A partir de então, Carolina conheceu o sucesso e a ascensão social, sendo convidada para diversas entrevistas e viagens, e virou assunto entre escritores de renome, como Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira. Lançou mais dois livros e gravou um LP com canções de sua autoria. Foi traduzida para diversos idiomas e conhecida em inúmeros países. Saiu finalmente da favela e mudou-se para uma casa no bairro de Santana.
Entretanto o lampejo da fama durou pouco: em suas próprias palavras, Carolina tinha virado um artigo de consumo, alguém que é vista com curiosidade, mas descartada depois que a moda passa. Teve de voltar à condição de catadora de papel para garantir sua sobrevivência.
Carolina Maria de Jesus morreu no dia 13 de fevereiro de 1977, com 663 anos, cansada, asmática, esquecida pelo mercado editorial, morando num sítio em Parelheiros. Os livros publicados depois de Quarto de despejo não tiveram o sucesso do primeiro. O descaso fez com que a autora fosse preterida pelo cânone literário, mas a magnitude de seu trabalho criativo ressurge, nos últimos anos, devolvendo-lhe o epíteto de grande escritora que ela sempre soube ser seu.”
Querido(a) aluno(a), Hoje a minha proposta é a leitura do conto "A avó, a cidade e o semáforo", escrito por Mia Couto e publicado originalmente no livro " O fio das Missangas ", pela Companhia das Letras. A avó, a cidade e o semáforo por Mia Couto Quando ouviu dizer que eu ia à cidade, Vovó Ndzima emitiu as maiores suspeitas: - E vai ficar em casa de quem? - Fico no hotel, avó. - Hotel? Mas é casa de quem? Explicar, como? Ainda assim, ensaiei: de ninguém, ora. A velha fermentou nova desconfiança: uma casa de ninguém? - Ou melhor, avó: é de quem paga - palavreei, para a tranquilizar. Porém, só agravei - um lugar de quem paga? E que espíritos guardam uma casa como essa? A mim me tinha cabido um prêmio do Ministério. Eu tinha sido o melhor professor rural. E o prêmio era visitar a grande cidade. Quando, em casa, anunciei a boa nova, a minha mais-velha não se impressionou com meu orgulho. E franziu a voz: - E, lá, quem lhe faz o prato? - Um cozinheiro, avó. - Como se
Fonte: Freepik.com Se preferir, ouço o áudio do texto abaixo aqui: A Covid-19 e seus desdobramentos Vivendo em meio a uma pandemia Passados pouco mais de três meses em que nos vemos às voltas com o novo coronavírus, podemos iniciar este trabalho já falando sobre o que estamos vivendo e nossas expectativas para o futuro pós-pandemia, ainda que esta se encontre muito longe de ser sanada. Em todo caso, se você ainda tem dúvidas sobre em que ela consiste, vá até a página " Sobre a Covid-19 " e leia com atenção as explicações fornecidas ali, ou veja o vídeo que ensina sobre a doença de forma ilustrativa. Então, continuando, apesar de alguns serviços, além dos essenciais, terem voltado a funcionar, a Prefeitura de Belo Horizonte acabou recuando e vetando a abertura do comércio que havia entrado na etapa 1 e 2 do relaxamento da quarentena. Isto porque o aumento do número de p
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